domingo, 18 de abril de 2010

Resenha 3

INSTITUTO FEDERAL FLUMINENSE, CAMPUS ITAPERUNA
PÓS GRADUAÇÃO LATU SENSU EM EDUCAÇÃO PROFISSIONAL INTEGRADA À EDUCAÇÃO BÁSICA NA MODALIDADE EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS
Disciplina: Economia Solidária
Professora: Luciana Machado
Aluna: Carla de Freitas Armond

DÍVIDA FINANCEIRA, DÍVIDA ECOLÓGICA, DÍVIDA DA RAZÃO.
Na perspectiva da sustentabilidade não há uma, mas três dívidas. Todas com a mesma origem, mas com diferentes formas de serem saldadas e diferentes posições frente ao endividamento.
· A dívida financeira: assumida ou não assumida, pagável ou não pagável, negociável, refinanciável.
A dívida financeira aparece como uma perda no jogo do sistema econômico globalizado. Os países subdesenvolvidos, iludidos com o desenvolvimentismo capitalista, aceitaram regras que só aumentaram as desigualdades, dentro e fora desses países, e os tornaram vulneráveis à retirada de seus recursos para pagamento de dívidas contraídas com altas taxas de juros. Para continuar sendo sujeitos de crédito, de credibilidade, muitos países lançam mão de seus recursos naturais, como forma de pagamento de uma dívida impagável, num jogo manipulado pelos países desenvolvidos.
· A dívida ecológica: incomensurável, mas capaz de ser revalorizada, internalizada, redistribuída.
A economia ecológica bota em xeque não a dívida financeira dos países subdesenvolvidos, mas a dívida oculta dos desenvolvidos: o hiperconsumismo do Norte e a superexploração do Sul, a devastação dos recursos do mundo subdesenvolvido que alimentou o desenvolvimento industrial. A dívida ecológica refere-se à subvalorização atual dos recursos naturais que subvencionam e financiam o desenvolvimento agrícola e industrial do norte. Há uma repartição desigual dos custos e potenciais ecológicos. E, mais uma vez, os países desenvolvidos, mascarados de doadores de créditos, recursos para proteção à natureza e pesquisas da biodiversidade, tem pilhado nossos bens mais preciosos: nossa biodiversidade, nossos costumes e tradições.
· A dívida da razão: que abre o caminho do dessujeitamento, da ressignificação, da construção de um desenvolvimento alternativo, fundado numa nova racionalidade produtiva.
Mesmo sendo a dívida financeira perdoada e a dívida ecológica valorizada segundo os parâmetros do mercado, restam seus devedores sujeitos à mesma razão, atados às mesmas causas, no jogo da repartição dos custos e benefícios deixados por uma ordem homogeneizante, unipolar, que dita as normas do comércio, do intercâmbio, da justiça e da equidade. A dívida com a razão quis libertar o homem e os povos da ignorância, das cadeias da escassez, e acabou ocultando seus intuitos, impondo uma razão que escraviza, sujeitando a razão às normas da racionalidade econômico-tecnológica e aos seus efeitos. Os devedores dessa dívida pedem por uma nova verdade, uma nova racionalidade para entender o mundo em sua complexidade, em sua diversidade, em que todos possam usufruir do mundo de modo sustentável.

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